quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

"O mais difícil é dormir com a saudade"

 
 
O mais dificil é o silêncio ao fim do dia
Não ouvir os teus passos pela casa
E não saber onde pára a alegria
Não saber onde pára a alegria
 
O mais difícil é dormir com a saudade
Acordar sem nunca te ver por perto
E o deserto no mar da cidade
E o deserto no mar da cidade
 
O mais difícil é já não te ouvir cantar
Esconder fotografias
E viver sem saber que esperar
O mais difícil é já não te ouvir cantar
Esconder fotografias
E viver sem saber que esperar
 
Mas pior que perder
Seria não ter vivido
Seria não ter amado
Seria não ter sofrido
Mas pior que perder
Seria não ter vivido
Seria não ter amado
Seria não te ter tido
 
O mais difícil é entrar no quarto vazio
Perceber como tudo está arrumado
E como tudo está sem vida
E como tudo está tão frio
O mais difícil é arrumar a tristeza
É não ter explicação
Desfazer toda esta incerteza
E o difícil é arrumar a tristeza
Não ter explicação
Desfazer toda esta incerteza
 
Mas pior que perder
Seria não ter vivido
Seria não ter amado
Seria não ter sofrido
 
Mas pior que perder
Seria não ter vivido
Seria não ter amado
Seria não te ter tido

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Ary dos Santos

José Carlos Pereira Ary dos Santos (Lisboa, 7 de Dezembro de 1937Lisboa, 18 de Janeiro de 1984)


Meu amor, meu amor

Meu amor meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento.

Meu limão de amargura meu punhal a escrever
nós parámos o tempo não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer.

Meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento

este mar não tem cura este céu não tem ar
nós parámos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar.

           José Carlos Ary dos Santos